O adeus de Ernst Couwpp

Saudações,
Eu poderia ficar enrolando e enrolando e postergar, mas não, serei direto. Primeiro, eu não tenho tempo. Segundo, eu realmente não tenho tempo: Isso é um adeus.
Escrevo essas palavras com lagrimas nos olhos, com um peso no coração e com medo de não conseguir terminar esse post antes que a espada de Dâmocles caia sobre mim.
Já algum tempo eu venho morrendo. Embora o Outono esteja com toda sua força, no Filho força alguma não há.
A Queda vem para todos. Eu caí.

Quantas coisas ficaram sem ser ditas. Quantos anseios provaram ser inúteis. Eu havia planejado tanto: poesias, resenhas(...).

(Está difícil escrever. Acho que... eu estou morrendo. Me perdoe.).

Gostaria de poder dar mais explicações, detalhes. Porém estou sem tempo, a qualquer momento... eu... eu.

Acredito que nós somos criaturas muito despreparadas. Nós bagunçamos tudo. Tentamos provar ao mundo que somos valiosos. Nos auto-vangloriamos. Reivindicamos cada metro quadrado para si. Crentes que nossas crenças – seja ela verdadeira ou não – nos protegerá de tudo.
Mas então vem a Morte ignorando tudo o que você fez, conquistou, é. Ela olha para os seus metros quadrados reivindicados e sorri com desdém. Na verdade ela desdenha de tudo que é supérfluo, efêmero, vazio. Pensando bem, há certas qualidades na Morte.
O problema é que você nunca está preparado para ela. Nunca.

Como eu queria ser imune a não vida.

O médico acabou de verificar meus batimentos cardíacos.
BIP. BIP. BIP – a maquina faz o tempo todo. É um som terrível. Um som de vulnerabilidade. Eu batizei meu monitor cardíaco de Sr. Bip em homenagem ao livro da minha primeira resenha: O Sr. Pip. (Gostaria de lê-lo novamente).

Quando penso em retrospecto, consigo enxergar os momentos onde errei, as amizades que não fiz, as coisas que até agora não se encaixam. Construí minha vida baseada numa peça teatral: o começo, o meio e o fim são coisas que querendo ou não se perderam nas horas dos ensaios.

(BIP. BIP. BIP. BIP – não sei como ainda não fiquei louco – BIP. BIP. BIP). Estou começando a pensar que talvez tenha batizado meu monitor com o nome errado. Para mim agora ele parece dizer: R.I.P - R.I.P - R.I.P.
Rest In Peace (Descanse em paz).

Mamãe sai do quarto da UTI ao ler essas minhas ultimas palavras. Ela tem chorado tanto. Todos tem chorado, mas mamãe é a mais que chora. Eu falei que ela estava parecendo uma ameixa seca de tanto que ela chora. Ela sorriu. Mas eu não acredito muito no sorriso doce de uma pessoa. Às vezes o sorriso é um truque.

R.I.P – R.I.P – R.I.P... ....R.I.P... R.I.P...                                            R.I.P

(Eles querem que eu pare de digitar, digo, os médicos. Está um alvoroço. Um pandemônio).

Mamãe volta. Ela sorri. Ela está chorando. Dessa vez eu acredito no sorr


“Aqui já não é mais o Ernst. Ele morreu a três semanas na maca de um hospital enquanto digitava em seu notebook.
Acredito que ele gostaria que suas ultimas palavras fossem publicadas, afinal ele tinha mesmo essa intenção.
Eu sou um amigo dele, ou fui um amigo dele – não sei, a morte faz isso com as amizades. Ela confunde tudo.
O Ernst tinha um tumor no coração. Não sabíamos. Ninguém sabia. Fomos pegos de surpresa, ‘Acredito que nós somos criaturas muito despreparadas’.
Ele era um amigo e tanto. Eu o amava muito.
Sinceramente não sei como terminar este texto. Não tenho a habilidade do Ernst com as palavras. Provavelmente ele diria ‘Até a próxima queda’, mas infelizmente não haverá mais queda alguma, não mais.
Eu encontrei alguns textos, resenhas e poesias no computador dele, acho que estavam destinadas aqui para o blog, mas não sei.
Ah, antes que alguém pergunte: sim, ele havia me dado o computador dele.
É isso gente. Não vou falar da minha dor, nem da dor dos familiares e demais amigos. Não há necessidade.
Um abraço e adeus.”


sexta-feira, 20 de maio de 2016 às 11:21 , 0 Comments

|RESENHA| Livro IV: O Pequeno Princípe (Antoine de Saint-Exupéry)



Oi, olá,saudações – ou quem sabe – um salve! (O que acharem melhor).


                Hoje estou a resenhar um desses livros raros que chegam de mansinho,passam o braço em volta do seu ombro e lhe acompanham a todo lugar; um desses livro raros que você sabe que se todas as pessoas lessem o mundo seria perfeito. Mas infelizmente mundo perfeitos não existem. Nem todo mundo foi cativado pela literatura. E isso é tão triste!
                Há quem diga que o personagem principal desse livro seja imortal. Outros, porém afirmam que seja o autor. É provável que ambas as correntes de pensamentos estejam corretas. O que em minha opinião não chega a ser um problema, mas particularmente acredito que a imortalidade cai melhor em certas realezas. Não concordam!?
                 Creio que não seja necessário dizer de qual livro raro estou falando, mas como é costume na corte a apresentação de pessoas de nobreza (...). Senhoras e senhores, eu orgulhosamente apresento O Pequeno Príncipe, Primeiro e Único de Seu Nome, Senhor do Asteróide B 612, Protetor da Rosa, Rei dos Vulcões Revolvidos, dos Pores de Sol, e de Alguns Corações Pelo Mundo.







SINOPSE:



                O Pequeno Príncipe – Um piloto cai com seu avião no deserto do e ali encontra uma criança loura e frágil. Ela diz ter vindo de um pequeno planeta distante. E ali, na convivência com o piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o sentido da vida. Com essa historia mágica, sensível, comovente, às vezes triste, e só aparentemente infantil, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry criou há 70 anos um dos maiores clássicos da literatura universal.  
 
                Escrevo essa resenha – que alias é sobre minha experiência com o Principezinho – ao som de Palhaço Paranóide, então se a mesma ficar muito poética acredite não é proposital.

                Estou com uma divida enorme para com a pessoa que me apresentou O Pequeno Príncipe – Tatah você é incrível. Mas, sim, eu já tinha ouvido falar dele. Lembro-me nas aulas de Filosofia certo professor de que eu aprendi admirar muito, dizendo: “- Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas – disse a raposa ao Pequeno Príncipe.”
                Naquela época eu não posso dizer que me senti atraído pela obra Exupéry, mas a semente da curiosidade havia sido plantada. E não demorou muito a nascer. Enfim tive a oportunidade de lê-lo.        
     Admito, só conheci o príncipe de cabelos louros na juventude. Cresci permitindo baobás tomarem espaço no meu coração, mal sabia eu que deveria ter muito cuidado com eles. Eu não imaginava a perversidade de certas sementes. Fui tão tolo! Passei muito tempo não sendo útil às estrelas, bem, agora já não tenho tanta certeza disso.

                A estória é de uma narrativa simples tendo em vista o público infantil. E começa apresentando-nos um desenho bastante peculiar. Um desenho que muda a história do narrador.
             Eu me pergunto como pode um chapéu ser tão parecido com uma jibóia a digerir um elefante, ou seria o contrário!? (Se não entendeu, um dia entenderás. Assim espero.). Os olhos realmente não são um bom guia para o mapa da alma.

             Um rápido resumo: certo avião entra em pane e cai; um piloto-narrador tenta concertá-lo; uma rápida contagem garante apenas 8 dias com água - e alias, no deserto do Saara!, e um pedido fora do comum é feito por uma pessoa fora do comum: "desenha-me um carneiro".
            Ah!, "desenha-me um carneiro". Nunca imaginei o quão uma frase se tornaria tão carregada de significado para mim. Quem me conhece sabe do que estou falando.

           Percebo que está sendo muito difícil fazer essa resenha. Geralmente nunca é fácil falar daquilo que amamos. Tento dar o mínimo possível de spoilers, usar o máximo possível de palavras e prolongá-la, prolongá-la, prolongá-la. Acredito poder dividir essa resenha em duas partes, três,..., seis. (Estou a divagar sobre essa possibilidade).

          (O CD do Palhaço Paranóide chega à faixa Canção para observar as flores e costurar as Mágoas. E eu aqui com o coração apertado, choro - "eu paguei ao inverno pra não chover aqui, onde eu plantei os meus amigos.").

          O livro O Pequeno Príncipe trás a tona questionamentos importantes de forma lúdica. Levanta desejos universais.
         O valor da amizade. A verdade por trás da fachada da realidade. A transparência do ser em relação a aparência. O significado da autoridade.
         A obra de Exupéry vai além de qualquer expectativas, acredite. As aquarelas são um caso a parte que merece aplausos.Os personagens secundários oscilam e acabam por se tornarem os principais, - não é fantástico?! E um deles é a Rosa: flor que motivou toda a viagem épica do Principezinho. Uma flor vaidosa, mentirosa, cativante, e pensa ela que é perigosa com aqueles estúpidos espinhos. (Às vezes as flores são tão bobas).
        Passei por descobertas e desdobramentos incríveis ao passar das páginas. Vi lugares excêntricos, conheci pessoas ainda mais excêntricas: um rei aqui, um vaidosos ali, um bêbado cá, um geógrafo acolá; através dos olhos do Príncipe. Vi dias passarem a cada minuto, vi pessoas possuírem coisas.Vi que o Céu esconde tantos mistérios....
        (...) E um deles à Terra.O nosso planetinha azul, essa bola suspensa no nada da gravidade ainda é motivo de muitas divagações. De muitos encontros. De muitas surpresas.
        (Estou relendo agora a resenha e acho que ela está fraca, incompleta, confusa, longe da realidade da obra. Me perdoe, eu... Eu...)

         Voltando ao deserto. O pedido foi feito. O desenho foi rabiscado algumas vezes -cabritos e carneiros são coisas muito distintas. Apresentações foram feitas e uma história comovente contada. Resumo: piloto cativado, raposa cativada, pessoas pelo mundo todo aprendem o segredo da raposa. Pessoas pelo mundo todo em busca de uma fonte de água.
          Depois de alguns risos e sorrisos.O livro caminha para o final mais triste e mais consolador que eu já vi. Depois de.... da mor...
          Céus! Eu não consigo terminar a resenha. Não sei como terminar. Me faltam palavras, me faltam... O CD chega a faixa La Commedia, "O céu chorou aquela noite, lamentando o hino da minha alma."

          O Príncipe de Exupéry, também mexeu com meu amigo - o que é natural - que leu o livro por recomendação minha. Ele me mandou um pequeno texto, e disse o seguinte: "efeito Pequeno Príncipe".



"Às vezes me sinto como uma plantinha, me preparo para presentear o mundo com a mais bonita flor que meu ser possa produzir. Quando completo esse ciclo, as abelhas aparecem e me sugam todo pólen, me deixando triste e sem vida. No final das contas, elas fabricam o mel, mas bem longe de mim e nunca voltam para agradecer... Realmente, as flores não nasceram para provar o mel e isso é algo muito entristecedor.



 -Fabiano Farias"



Sei que a resenha não foi o que vocês esperavam - nem eu. As palavras gostam de me pregar peças às vezes. Por hoje é isso. Se cuidem e se aqueçam. E até a próxima queda.

quinta-feira, 31 de março de 2016 às 12:58 , 0 Comments

Enfim, o Outono!




Olá meus camaradas, voltei!



    



     E acho que a essa altura do campeonato vocês já perceberam que eu não sou lá muito bom com previsões. Afinal eu havia prometido que cairiam muitas folhas por aqui (tormentas, resenhas, anseios & receios, ideias...), e infelizmente apenas uma ou duas folhas poéticas deram o ar de sua graça. Sim, eu já sei. A precipitação é um albatroz pendurado em meu pescoço. Maldito homem sou eu!



     Contudo nesse meu intervalo aqui do blog fiz algumas coisas que já havia desejando algum tempo. Desfiz relacionamentos que eu julgava serem amizades – como existem pessoas falsas nesse mundo! -, comecei escrever um romance, li livros que já há muito tempo não lia (O Hobbit, foi um deles), e descobri aventuras em paginas culinárias: cozinhar virou meu xodó, rsrs.



     Mas agora graças aos Céus – mais especificamente a translação da Terra em torno do Sol -, ele chegou: enfim, o Outono! A estação da Queda vem com presságios e sortilégios que vão dar o que falar: (quem ler que entenda) Os Ventos do Inverno estão prometidos para este equinócio. E só de saber disso dá vontade de pirar.



     Agora é oficial. O Filho ganha força quando o Pai aparece – uma pena ser apenas por três meses, (e novamente,: quem ler que entenda).







     Pulando alguns pormenores e afins aqui e ali(...). Estava eu ouvindo, melhor, contemplando a sonoridade de umas das minhas bandas favoritas (ReVamp) e me dei conta que ainda não tinha postado nenhuma resenha musical. Então, logo, logo algum álbum do Nightwish, Within Temptation, Kamelot e/ou outros dançaram com as folhas & vento. E embora esteja convicto de que isso irá acontecer, ainda assim não prometo nada.



     Então é isso, meus camaradas. Ah!, qualquer dia desses eu faço uma postagem especial falando o por quê ou os por quês do blog ter esse nome, (alguns amigos querem saber). E por falar em amigos, lembrei que havia, rsrs, prometido a um em especial (Fabian), divagar sobre o meu, o seu – não, melhor – o nosso Pequeno Príncipe. Portanto meu caro menino de cabelos louro encaracolados, será você a dar o ar de – literalmente – Sua Graça no próximo post.



Por hora, fico por aqui. Se cuidem e se aqueçam – pois o inverno está chegando.



Um abraço e até a próxima queda.







P.S. Algum dia saberei organizar melhor as ideias. A confusão me persegue.

domingo, 20 de março de 2016 às 05:49 , 0 Comments

|Folha de Outono no Verão|: Poesia

Poema de Mistérios

Sob uma luz branca vacilante;
Eu com pensamentos de uma mente fatídica.
Há certos perigos nos sonhos dos quais eu me arrepio.
Dançam comigo a ilusão e realidade,
E composição não morre sem mim.

Sob um teto ocre empoeirado;
Um piano negro rugindo mitos em línguas sacras:
O vazio é pai de todos os medos.
Sorriu vagarosamente certo palhaço. Ele pesa em loucura.
E a fogueira não apaga sem mim.

Vamos ouvir essa aclamação dos astros com reverência.

Sobre uma luz branca vacilante;
Alguém com Plenitude em Calor e Dia:
Apenas a Verdade eterniza-se salvando a todos.
Deixem-me aqui ou me deixem voar.
E o vento não sopra por mim.
Por mim sopra a beleza de cantar.



- Ernst Couwpp

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016 às 05:53 , 0 Comments

|Folha de Outono na Primavera|: Poesia


Cão Ébrio

As noites se arrastam,
Sombras difusas marcam o tempo
Com prioridade em fascinação.
As noites perduram assumindo fermatas
De dor, medo e murmuração.

E eu não sinto calor aqui...
Ou será que não existe amor para aquecer?

Os fantasmas murmuram,
Erros de outrora flutuando
Como flechas no vibrato de suas vozes.
Espíritos vádios dançando sobre mim,
Aplaudindo mais um estupro ao meu coração.

E o frio habita aqui...
Já não resta amor para me aquecer.


                                                                     
                                                                               - Ernst Couwpp

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015 às 05:32 , 0 Comments

Alguns Avisos




Oi, ol
á, saudações (o que preferirem).
Esse vai ser menos um post e mais um aviso ou nota, OK, estou cheio de dúvidas. Whatever!

Ai você planeja coisas: uma conversa amorosa com alguém especial; uma visita a um amigo que lhe feriu; realizar um sonho naquela data especifica, - e por último, mas não menos importante - postar aqui no blog com mais frequência. O problema é que as coisas planejadas gostam de nos maltratar com o deixa pra depois, e tudo fica nublado na vida do homem.
Provavelmente eu seja uma pessoa muito precipitada em dizer as coisas, o que complica um pouco a minha vida (como se ela precisasse!). Mas OK, vamos lá Ernst, como combinado... Eh, sei que passei um bom tempo sem dá as caras por aqui, - não foi nem tanto tempo assim, mas - e que também disse que haveria post sobre poesias, críticas, idéias, tormentas etc (como está registrado lá na minha primeira postagem - Saúde & Saudações - confiram), então é por isso desse post: cairá por aqui a maior quantidade de folhas outonais possíveis - talvez me arrependa de usar essa palavra mas -, prometo; mesmo estando na primavera. Pode ser esse o motivo das poucas quedas: tudo fica mais fácil de cair na estação do Filho.

Acho que por hora é isso. Até a próxima queda.


P.S.: Se o texto ficou confuso, sorry. É aquela velha história: a beleza amaldiçoada dos pensamentos enlouquece.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015 às 06:31 , 0 Comments

|RESENHA| Livro #III: FIQUE ONDE ESTÁ e então CORRA (John Boyne)

Saudações.

Ano passado fui apresentado, melhor, me apresentei a um cara que se tornaria uns dos meus autores favoritos: um irlandês com um talento incrível para escrever; certo homem apaixonado por historias de guerras; um tal de John Boyne. Certamente você já ouviu falar dele. Certamente você já leu alguma coisa escrita por ele. Certamente você já sofreu e lamentou com Boyne. E se você não fizer parte de nenhum certamente anterior, certamente você ainda não conhece nada de literatura, meu caro. Você ainda vai chorar muito.
E embora esse não seja o primeiro livro que leio de Boyne, (porque o primeiro foi certo pijama de listras – ah Bruno, Shmuel, eu sinto muito), resolvi resenhar sobre ele pelo simples fato: era necessário correr.



SINOPSE:
Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados – enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatros longos anos, Alfie já não recebia mais noticias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas as suas forças para trazê-lo de volta para casa.

Geralmente na vida do ser humano, quando tudo parece estacar-se num momento de calmaria, surgem os mais inesperados acontecimentos apenas para nos lembrar de que nunca – isso no sentido religioso, politico e econômico – teremos qualquer controle sobre as artimanhas do futuro. E é com isso que todos os moradores de Londres, especialmente os da Rua Damley, se deparam na manhã de 28 de Julho de 1914. Alfie Summerfield completará seu quinto aniversário, e digamos, não é muito louvável comemorar um nascimento em uma data que deu inicio a milhões de mortes. Mas o pobre do Alfie não tinha nenhuma culpa disso. Ninguém escolhe o dia das tempestades.
Naturalmente, uma guerra complica um pouco o convívio social, por isso poucas pessoas compareceram no aniversário de Alfie. Mas é claro, a guerra não traz apenas isso: amigos ausentes numa comemoração tão especial. A guerra traz a destruição o desolamento a carnificina; a guerra traz a tona o pior lado do ser humano. A guerra nos revela e a guerra nos esconde.
O terror se instalou na Rua Damley. “Estamos perdidos. Estamos todos perdidos”. Essa frase da Vó de Alfie traduz com perfeição a sequencia de acontecimentos que se seguiram: Georgie Summerfield (o pai de Alfie; o marido de Margie; o leiteiro.), resolve se alistar – é claro, baseado na crença hipócrita de “dever e responsabilidade.” -, outros como Georgie fazem a mesma coisa. E antes mesmo de se haver baixas de soldados na guerra, a Rua Damley teve inúmeras baixas de civis em suas casas numeradas. (A casa 13 pertence a quem mesmo?!!)

Sinceramente, é muito difícil resenhar esse livro. Ele é tão complexo na simplicidade das palavras que tenho medo de passar uma imagem medíocre; simplória. O que obviamente não é. FIQUE ONDE ESTÁ e então CORRA, é fascinante, docilmente sagaz, e – digo isso com toda sinceridade – provocador de emoções que geralmente ficam escondidas em nós.

Alguns anos se passam e com a ida de seu pai, as coisas mudam para Alfie. A vida de um leiteiro mudou completamente muitas outras vidas que foram mudadas pela Guerra. Só vemos aquilo que queremos acreditar. E George viu um final satisfatório e sem nenhum prejuízo no Natal que tantos prometiam ser o salvador-mor de toda a confusão. E que confusão!  As boas lembranças começam desfalecer: velho amigo se torna inimigo – ainda por cima objetor. Velhos amigos são considerados “pessoas de interesse especial” e mandados para longe – Ilha de Man, nem quero imaginar como é essa ilha! Margie começa a trabalhar. (Três empregos, uau!). E Alfie “afana” uma caixa de engraxar. – Todos precisam fazer a sua parte.
Natais passam e a guerra continua; Pessoas perdem a vida ou ganham a morte – fica o seu critério -, e a guerra continua; Sapatos são engraxados e a guerra continua; Papeis voam, um número em especial aparece e a guerra - ah, a guerra, maldita guerra – continua.
E enquanto mais promessas são feitas, eis que, um detetive ganha vida; algumas cartas são encontradas e lidas – cartas confusas e tristes; uma súbita coragem toma conta de um garoto de nove anos; uma viaje no trem com destino incerto é feita sem nenhum Robinson Crusoé para entreter – e personagens como Marian Bancroft se mostram verdadeiros anjos da guarda.
Pois bem, depois de algumas idas e vindas de trem, o livro caminha para um final bastante desejado.  Bastante apaziguador. Um final, digamos que, épico. (Talvez nem tudo sejam nomes e números).
Boyne dosou muito bem cada elemento que caracteriza o livro como uma leitura encantadora eu diria até poética. FIQUE ONDE ESTÁ e então CORRA, merece todos os aplausos do mundo. Então compre, alugue, afane, sei lá, peça emprestado, mas leia.


Por hoje, é isso. Se cuidem e até a próxima queda. 

terça-feira, 6 de outubro de 2015 às 11:47 , 0 Comments